sexta-feira, 22 de maio de 2009

Minhas Lembranças


Minhas lembranças

Sou aluna do curso de Pedagogia com 38 anos, mas vou contar como, e quando tudo começou.
Quando eu era bem pequenininha, menor do que sou agora, meu pai me ninava com uma música de Benedito Lacerda e David Nasser, interpretada por Nelson Gonçalves que dizia:




“Vestida de azul e branco

Trazendo um sorriso franco

Num rostinho encantador

Minha linda normalista

Rapidamente conquista

Meu coração sem amor

Eu que trazia fechado

Dentro do peito guardado

Meu coração sofredor

Estou bastante inclinado

A entregá-lo aos cuidados

Daquele brotinho em flor

Mas a normalista linda

Não pode casar ainda

Só depois que se formar

Eu estou apaixonado

O pai da moça é zangado

E o remédio é esperar”

Foi selado o meu futuro, vou ser professora.
Minha infância foi muito feliz, brinquei de tudo que tinha direito.
O período da educação infantil ao ensino médio , estudei em várias escolas, pois meu pai viajava muito e a família o acompanhava.
Na educação infantil o método usado em todas as escolas que estudei , tanto na capital quanto no interior do Estado, foi o tradicional. Nesse período estudei e brinquei. Brinquei mais do que estudei. Lembro-me vagamente dessa época de estudos, mas a hora do recreio, como poderia esquecer!? O momento mais esperado pelas crianças!
Morei em Senhor do Bomfim e em Itapetinga. Na primeira, morava em frente a uma praça enorme (ou acho que eu é que era pequena) e tinha um carrossel que eu gostava muito. Já em Itapetinga morava perto de um cemitério e achava o máximo, porque corríamos e brincávamos (eu, meus irmãos e alguns amigos) de se esconder no jardim do cemitério e, quando tinha algum enterro, íamos em casa calçar os pés, os meninos vestirem as camisas depois voltávamos para acompanhar o funeral como se fosse uma brincadeira, sem prestar atenção ou respeitar o sentimento e a tristeza dos que estavam ali. Isso não é para ninguém ficar assustado, pois eu tinha apenas sete anos. E o que uma criança de sete anos pensa sobre respeitar os sentimentos alheios?
A 3ª e 4ª séries, do Ensino Fundamental, estudei perto de casa. Quem me ajudava a fazer os exercícios era a minha mãe. Um dia aconteceu um fato que não esqueço. Fiz o que muitos filhos fazem, duvidei de minha mãe. Escrevi no caderno a palavra “LIQUIDIFICADO” (sem a letra R), minha mãe disse que faltava a letra no final. Mas como eu poderia está enganada? Duvidei e, minha mãe disse: – Se amanhã esta palavra estiver corrigida pela professora, você vai levar seis bolos. Adivinha! Aprendi a não duvidar de minha mãe. Hoje minhas duas filhas fazem o mesmo comigo, porém não bato nelas, convenço-as que estou certa.
Bem, saí do 1º Fundamental (antigo primário) e fui para ginásio. Estava importante. Colégio grande, mais professores, mais estudos, já que havia mais disciplinas. Um tempo muito bom. Da 5ª a 8ª série a Educação Física foi muito presente e eu gostava muito desta aula. Corria, jogava vôlei, basquete, futebol, baleado.
Tive bons e ótimos professores, não me lembro de nenhum professor ruim.
Sinto muito por não me lembrar o nome deles. A minha professora de Português da 7ª e 8ª séries era ótima. Colocava os alunos na classe em ordem alfabética e queria que todos escrevessem com letra cursiva, consertava sempre os erros ortográficos e caligrafias ruins, o que hoje não vejo em muitas escolas onde dizem que a criança deve ter liberdade para escrever, discordo. Sou pela Escola Tradicional, mas estou tentando me adaptar as novas tendências pedagógicas, pois sei que aquele sistema de decorar para responder uma prova, faz o aluno tirar uma nota até alta, mas depois o aluno esquece tudo o que decorou.
Segundo Paulo Freire, no livro Filosofia da Educação, de Maria Lúcia de Arruda Aranha, página 224, diz que:

As provas, instrumento central de avaliação, desviam o aluno do objetivo de “estudar para vida” por estar sempre preocupado em “estudar o que será avaliado”, ou seja, “estudar para a escola”. Se de um lado o professor “dá a lição”, de outro a prova representa o momento de “restituição’’, em que ele ’’toma a lição’’. É a chamada Educação Bancária.

Terminei a 8ª série e a minha mãe , que depois de muitos anos voltou a estudar e foi fazer Magistério, me matriculou no ICEIA e, pasmem com dois cursos nesta escola ela me matriculou em...
...Magistério. A música, do inicio das minhas memórias, começou a se confirmar.
Fiz os três anos de Magistério feliz, assim como no fundamental e no ginásio, não tive professores ruins. Naquela época aprendi muitas Didáticas, Recreações, Aulas Práticas, ESTÁGIO. Porém não fui trabalhar numa escola. Fui trabalhar num Banco e parei de estudar.
Casei com meu namorado que conheci quando estava no 2ª ano do Magistério, depois tive duas filhas. Fiquei muito doente. Me recuperei e, depois de 15 anos sem estudar fiz vestibular para 05 Instituições, 02 públicas e 03 particulares. Passei nas particulares, me matriculei na primeira que saiu o resultado ”Contábeis’’. Depois saiu e resultado da Faculdade Olga Metting, mas não fui fazer Pedagogia. Resultado , fiz só três semestres de Contábeis e fiquei sem estudar de novo.
Nesse período fiquei desempregada e resolvi dar reforço escolar em casa. Não tinha como fugir o meu destino de ser professora. Dava aulas a crianças de 03 a 11 anos e gostei, mas precisei trabalhar fora para ganhar um pouco melhor. Foi ai que resolvi fazer Pedagogia e estou feliz por isso.
Hoje na faculdade tenho 03 professores que admiro muito, e me espelho nelas para ser um pouco parecida com elas .
Sei que o caminho é longo, nem sempre fácil e com muitos obstáculos, mas não vou desistir, porque meus pais me mostraram que nunca é tarde de mais para recomeçar. Eles resolveram serem professores depois de muitos anos sem estudar e, isso para mim foi um estímulo, assim como minha cunhada que até hoje estuda para cada dia ser uma profissional melhor.
O pouco que lembro da minha época escolar é o suficiente para ser a pessoa com princípios que sou hoje.
Pretendo passar para meus futuros alunos bons exemplos e ser dedicada como faço com minhas filhas.
Não posso esquecer de dizer que no tempo que fui estudante e criança, não existia computador e fui feliz assim mesmo, brincando na rua.



Iris Litiere



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